segunda-feira, 29 de agosto de 2016

DE NATURA DEORUM, DE CÍCERO




Na história da humanidade, existem aqueles que atravessam todas as épocas e gerações como referência naquilo que fizeram ou produziram, como ‘companheiros de viagem’, respondendo, por meio de seus escritos, às indagações que formulamos.
Orador, escritor, filósofo, político da Roma antiga, Cícero é um desses homens ainda presentes em todas as épocas e gerações, é um desses homens que nos conseguem dizer, ensinar, prescrever muita coisa, mesmo que distante dois mil anos. E esse post, embora curto, é dedicado a esse grande romano e a mais nova tradução de uma de suas obras filosóficas: De natura deorum.
Organizado em três livros, De natura deorum (A natureza dos deuses) discute a existência de um poder superior, discute as relações entre as divindades e os humanos. Na obra, Cícero apresenta variadas concepções a respeito dos deuses, aquilo que os envolve, a forma deles. Cícero põe também em confronto correntes do pensamento filosófico (Epicurismo, Estoicismo, Nova Academia), demonstrando que tais correntes apresentam correlações, mas, por outro lado, divergem completamente em vários pontos.
A natureza dos deuses é o mais recente lançamento da Edufu (Editora da Universidade Federal de Uberlândia) e integra mais um volume da Coleção do Estudo Acadêmico, coleção organizada pelo curso de Filosofia da UFU. A tradução dessa obra filosófica de Cícero é de Bruno Bassetto, professor titular de Filologia Românica da USP. De Bruno Bassetto há também a tradução das Discussões Tusculanas, também editada pela Coleção do Estudo Acadêmico. Abaixo, passagem de A natureza dos deuses:
“Portanto, em primeiro lugar, ou se deve negar que os deuses existam, o que tanto Demócrito, levando em conta as representações, como Epicuro, tendo em vista as estátuas, de certo negam, ou os que concedem existirem deuses, é preciso reconhecer-lhes que eles façam algo e algo sublime. Contudo, nada é mais sublime que a administração do mundo: logo, o mundo é administrado pela assembleia dos deuses. Porque, se for de outro modo, realmente seria necessário haver algo melhor e dotado de força maior que deus, qualquer que seja sua natureza, seja uma necessidade impelida por grande força, realizando essas belíssimas obras que contemplamos.”
Primum igitur aut negandum est esse deos, quod et Democritus simulacra et Epicurus imagines inducens quodam pacto negat, aut qui deos esse concedant is fatendum est eos aliquid agere idque praeclarum; nihil est autem praeclarius mundi administratione; deorum igitur consilio administratur. Quod si aliter est, aliquid profecto sit necesse est melius et maiore vi praeditum quam deus, quale id cumque est, sive inanima natura sive necessitas vi magna incitata haec pulcherrima opera efficiens quae videmus (II, 76)
Escrito por Frederico de Sousa

Ver também a resenha sobre o livro A natureza dos deuses publicada na Revista Primordium

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